sábado, 9 de maio de 2009

RESUMO DO FILME OS IRMÃOS GRIMM RELACIONADO A SEMIÓTICA

A semiótica estuda a lógica das ciências, das coisas, da linguagem social, a linguagem social são as formas de comunicação, de contato, representação. Os signos são comunicação, e os signos não são os do zodíaco, são as imagens, os desenhos, as formas de se expressar. Todo e qualquer fato cultural, toda e qualquer prática social, são práticas significantes, produzem linguagem e sentido. A semiótica estuda todas as formas de expressão, de signos, que está em todas as ciências, nos contatos entre as pessoas. Todos os sistemas vivos são formas de estudos.
Segue abaixo um breve resumo sobre o filme e após um resumo com os olhares da semiótica:
O filme conta uma estória que acontece no começo do século XIX durante a época das guerras napoleônicas na Prússia. Os irmãos Grimm são retratados como dois impostores que criavam histórias sobre bruxas, fantasmas e outros elementos assustadores e mexiam com o imaginário coletivo das pessoas em uma época onde devido à falta de conhecimento das pessoas e a forte predominância da igreja a maior parte das pessoas acreditavam em bruxas, fantasmas, enfim, em seres de outro mundo. Tendo em vista que a inquisição acabou na Alemanha apenas por volta de 1750, ou seja, o imaginário coletivo ainda era um campo fácil para o cultivo de crenças que cultivadas hoje seriam a prova de demência. Os irmãos Grimm lucravam com os personagens que criavam, pois diziam conhecer formas de acabar com eles, chegavam a um vilarejo e a população pagava para que os irmãos com suas técnicas eliminassem todas as ameaças da redondeza. Matavam e espantavam as bruxas, os monstros e demais perigos. O filme faz uma compilação de diversos contos dos verdadeiros irmãos Grimm (os irmãos alemães, Wilhelm e Jacob que viveram no século XIX). Para quem conhece os contos dos Grimm, é possível notar a presença de traços mais ou menos marcantes dos principais deles. A começar com a história de João e o pé de feijão quando ... troca sua vaca por feijões mágicos para ajudar a família. Depois na história de Marbaden, a aldeia onde morava a rainha da Turíngia, presa em sua torre desde a peste do século XIV. Uma das últimas meninas a desapareceram estava vestida como chapeuzinho vermelho levando um cesto de doces. Depois aparecem dois irmãos, história tirada do conto de João e Maria, passeando pela floresta e deixando migalhas de pão pelo chão, a menina desaparece. A própria rainha presa na torre é um exemplo do conto de Rapunzel, presa em uma torre sem entradas ou saídas com um enorme cabelo. Depois aparece o sapo que indicava o caminho, seria uma demonstração da história do príncipe sapo? E quando a senhora da vila aparece com uma maça vermelha para oferecer ao italiano Marcondi que liderava as tropas francesas na localidade? O exemplo da história da branca de neve.Os irmãos Grimm eram excelentes escritores, são dezenas as histórias que escreveram, o que fizeram em sua época foi uma compilação de histórias contadas de geração em geração durante séculos na Alemanha, histórias que eram feitas para adultos e jovens, e que na sua essência tinham significados morais, mas que para serem contatos para as crianças, precisavam de modificações.
A relação com a semiótica:
O filme é uma relação dos contos dos irmãos Grimm com a estória criada pelo autor. É uma representação dos contos destes irmãos de forma lúdica, atraente e divertida. Sobre os signos, qualquer coisa que se produz na consciência tem o caráter de signo. Peirce leva a noção de signo tão longe a ponto de que um signo não tenha necessariamente de ser uma representação mental, mas pode ser uma ação ou experiência, ou mesmo uma mera qualidade de impressão. O filme é assim como os contos, recheado de signos e representações. Representações da época que o filme trata, o começo do século XIX, representações da sociedade alemã daquela época, região dominada e explorada pelos franceses com pouco desenvolvimento industrial e as pessoas no geral com pouco desenvolvimento intelectual, criando assim um ambiente propício para a crença em bruxas e monstros.
Há uma enorme quantidade de definições de signo distribuídas pelos textos de Peirce, umas mais detalhadas, outras mais sintéticas, segundo as palavras de Peirce: “um signo intenta representar, em parte pelo menos, um objeto que é, portanto, num certo sentido, a causa ou determinante do signo, mesmo se o signo representar seu objeto falsamente. Mas dizer que ele representa seu objeto implica que ele afete uma mente, de tal modo que, de certa maneira, determine naquela mente algo que é mediatamente devido ao objeto. Essa determinação da qual a causa imediata é o objeto, pode ser chamada o interpretante. O signo não é um objeto, apenas está no lugar do objeto, ele só pode representar o objeto de um certo modo e uma certa capacidade. Por exemplo: a palavra casa, a pintura de uma casa, o desenho de uma casa, a fotografia de uma casa, a planta baixa de uma casa, a maquete de uma cada ou mesmo o seu olhar para uma casa, são todos signos do objeto casa. Não são a própria casa, nem a idéia geral que temos de casa. Substituem-na, apenas, cada um deles de um certo modo que depende da natureza do próprio signo. A natureza de uma fotografia não é a mesma de uma planta baixa.
Há signos que são interpretáveis na forma de qualidades de sentimento; há outros que são interpretáveis através da experiência concreta ou ação; outros são passíveis de interpretação através de pensamentos numa série infinita. Se você recebe uma ordem de alguém que tem autoridade sobre você, por respeito ou temor, essa ordem produzirá um interpretante dinâmico energético, isto é, uma ação concreta e real de obediência, no caso, como resposta ao signo. Percebendo que o signo não é uma coisa monolítica, mas um complexo de relações, que retenhamos em nossa rotina mental essas sutis diferenciações entre as partes do signo. Sobre as divisões dos signos, as mais divulgadas são, tomando-se a relação do signo consigo mesmo, a relação do signo com seu objeto dinâmico e a relação do signo com seu interpretante.
No começo do filme aparece uma bruxa e um agricultor alemão desesperado pedindo ajuda aos irmãos Grimm que o ajudam espantando a bruxa do vilarejo, através dos sons, da imagem, há um signo, um significado para o agricultor que acredita piamente nesses fenômenos, isso porque tudo projeta uma imagem em sua mente que o faz acreditar nisso, as próprias pessoas que assistem ao filme pela primeira vez não sabem se realmente é uma bruxa de verdade e o filme é uma completa fantasia ou se é uma bruxa criada pelos irmãos Grimm e portanto o filme não é tão fantasioso.
As representações das histórias são todas significativas, são ícones que excitam nossos sentidos, se apresentam a nós para produzir sentidos. Produzem relações de comparação, entre as histórias e nosso mundo real, comparações também entre as próprias histórias dos Grimm. Também nos traz símbolos, apenas identificamos, não os criamos nem poderemos excluí-los. As palavras, as representações vivem nas mentes daqueles que as usam, que as observam. Elas vivem nas suas memórias.
Como teoria científica, a semiótica de Peirce criou conceitos e dispositivos de indagação que nos permitem descrever, analisar e interpretar linguagens. Como tal, os conceitos são instrumentos para o pensamento, lentes para o olhar, amplificadores para a escuta. Portanto, não podem, por si mesmos, substituir a atividade de leitura e desvendamento da realidade. São instrumentos que, quando seriamente decifrados e eficazmente empregados, nos auxiliam nessa atividade. Sozinhos não podem executá-la para nós. Desse modo, o que a semiótica peirceana (semiótica geral, teoria dos signos em geral) nos trouxe foram as imprescindíveis fundações fenomenológicas e formais para o necessários desenvolvimento de muitas e variadas semióticas especiais: Semiótica da linguagem sonora, da arquitetura, da linguagem visual, da dança, das artes plásticas, da literatura, do teatro, enfim, das linguagens da natureza.
O filme é rico na representação de ícones, índices, símbolos, por ser uma compilação de vários contos apresentados pela estória criada pelo autor do filme os Irmãos Grimm. Como escrito no começo desse resumo, o filme desperta grande interesse por se assemelhar aos contos de fadas dos irmãos Grimm por conter uma linguagem, lúdica, atraente e de fácil compreensão. O filme pode ser avaliado por aspectos sociológicos contando um pouco da época que retrata, da antropologia por mostrar os costumes e crenças da população daquela época e daquele lugar, embora Marbaden é um vilarejo fictício, a região existe na Alemanha, os franceses realmente estiveram lá e os irmãos Grimm existiram, claro que não eram charlatões como o filme apresenta. Pode ser visto pelos olhares da história pois retrata as roupas, o lugar, as formas de construção, e é claro é riquíssimo para os olhares e interpretações da semiótica que estuda as representações em todas as ciências e ambientes. Para muitos o filme é apenas uma forma de diversão mas para técnicos em diversas áreas é um filme que nos deixa as mais diversas interpretações.

2 comentários:

Ana_Cris disse...

Você esqueceu de mencionar Hans e Greta- que para nós são João e Maria da bruxa da casa de doces. Aparece na metade do filme.

Ana_Cris disse...

Você esqueceu de mencionar Hans e Greta que para nós é João e Maria- que aparecem na metade do filme, com abruxa da casa de doces que a menna menciona